sábado, 30 de maio de 2009

A Tela ficava atrás de uma grande cortina verde, que era operada manualmente. Atrás da tela que era esticada numa grande estrutura de madeira munida de rodas, ficava uma enorme caixa de som com uma altura de cerca de 1,60 m, com alto falantes do tipo, woofer, mid-range e cornetas. Do mesmo lado em que estava o exaustor, ficava a oficina de pintura dos cartazes e uma pequena marcenaria com uma serra tico-tico elétrica que era utilizada para confecção das letras em madeira compensada. Que eram utilizadas na grande marquise, com o nome do filme do dia. O nome do filme era trocado 3 vezes por semana, pois terça e quarta-feira era um filme, quinta, sexta-feira e sábado era outro, domingo e segunda-feira outro. Esta tarefa também era executada pelo Jipe.
O teto e as laterais acima das paredes da sala de projeção eram recobertas por placas retangulares que mediam em média 0,50 m por 1,20m e com uma espessura de cerca de 15 mm. Construídas com longos fios de cepilho de madeiras prensadas e cimento e pintadas que eram presas em uma estrutura leve metálica que por sua vez era afixada em uma grande estrutura de madeira. Que era recoberta por grandes telhas de cimento amianto. As placas serviam de isolamento térmico e acústico ao mesmo tempo. E nas paredes laterais de ambos os lados do salão, havia em espaços regulares 4 colunas recobertas de madeira compensada, envernizadas. Posteriormente nessas colunas foram fixadas as 8 caixas acústicas que reproduziam um pseudo Surround, sendo muito raramente utilizadas, sendo só usadas em passagens de sons só de música quando o filme exibido era um musical, eram ligados e desligados manualmente diretamente no amplificador que estava em uso no momento.
Subindo as escadarias que ia a sala de projeção que era dividida com um quarto e um banheiro no lado oposto a escadaria, era o dormitório do Jipe até ele se casar.
No final da escada havia um grande quadro elétrico em granito, com muitas chaves elétricas do tipo faca e medidores de tensão e corrente. Na parede da frente havia um grande rack elétrico com divisões e próximo afixado ao piso cimentado o gerador de corrente continua, que alimentava os 2 projetores a arco voltaico. Nessa mesma parede havia uma mesa longa com uma prateleira debaixo, onde eram guardadas as latas com as partes dos filmes e também tinha 2 grandes caixas de madeira do tipo de caixa de tomate abarrotadas com grandes tocos de eletrodos que pareciam imprestáveis.
E nessa mesa ficava o rebobinador de filmes e o aparelho de cortar, emendar e prensar filmes, quando o mesmo arrebentava, ou para emendar as partes quando era filme de rolos de pequeno diâmetro. No lado oposto ficavam os 2 projetores sendo que eles já tinham sido restaurados ou depenados. Pois as lanternas já não eram as originais, eram muito pequenas pelo tamanho do chassi de ferro fundido, e os espelhos parabólicos com um diâmetro muito pequeno, pareciam ser lanternas para projetores de 16 ou 24 mm. E os mecanismos de aproximação dos eletrodos completamente manuais, o que obrigava aos operadores ficarem permanentemente avançando os eletrodos senão a projeção era prejudicada, escurecendo a medida que eles queimavam, se afastavam e quando isso acontecia à plateia gritava furiosamente. E consumiam eletrodos com uma voracidade inacreditável, sendo que pelo sistema utilizado de fixação dos mesmos, eram trocados quando ainda estavam pouco além da metade de seu comprimento. Também as unidades leitoras para a captação do som do filme, não eram mais as originais, estando em uso às foto células da marca Westrex americana e as pré-amplificadoras eram RCA também americana.
Originalmente os projetores de procedência alemã; eram da marca ERNEMANN ZEISS IKON com lentes ZEISS, provavelmente do modelo: VII com sistema de captação do som TOBIS KLANGFILM fabricados a partir do ano de 1934 do século XX. Pois só a partir deste ano é que foram construídos pela empresa alemã projetores sonoros. Precisos mecanicamente, e com técnica ótica acurada.
Laqueados na cor negra, e as partes internas que se abriam eram na cor creme. Com uma grande chaminé cada; que ligava o projetor ao teto da sala As 4 janelas sendo 2 espias para os operadores e 2 por onde passava a luz projetada eram protegidas por vidros de cristal afixados diretos na argamassa, em caso de quebra, tinha que se quebrar o revestimento de argamassa para se efetuar a troca. Entre o segundo projetor e a parede do dormitório Havia uma janela de 0,50m x 0,50m que se abria para a sala de projeção. Ao lado antes da janela ficava o rack dos 2 amplificadores de som valvulados marca RCA americanos. No outro lado antes do projetor 1 tinha um pequeno rack com toca-discos e controles de som para a música ambiente, para o antes e o após seções. Sendo que o projeto técnico tanto elétrico como eletrônico foram de autoria do Senhor Waldomiro Jensen, para os amigos, Miro um grande técnico eletrônico, que me ensinou muito sobre eletrônica. Infelizmente faleceu muito prematuramente vitimado por um infeliz acidente. Em um final de semana foi com a família e outros parentes fazer um picnic, foram em um caminhão, sendo que ao regressarem caiu de cabeça para baixo da carroceria do caminhão ao tentar descer. Sofrendo fraturas no crânio.

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