sábado, 30 de maio de 2009

A sétima arte (como se falava na minha juventude) sempre me exerceu um grande fascínio. O cinema sempre esteve presente em minha família. Os meus pais eram assíduos frequentadores e eu desde muito pequeno já ia aos cinemas com eles, isso antes de existir a censura para menores de 14 anos nas sessões noturnas Meus avós maternos incentivavam os filhos para irem aos cinemas, teatros, etc. Disso resultaram que o filho Sauro, que era o que tinha espírito inventivo principiou com as suas sessões de cinema em casa, adquiriu sabe-se lá aonde um projetor de 35 mm, mudo. Conseguiu vários pedaços, jornais, partes e mesmo pequenos filmes completos, todos mudos, e de todas as procedências, predominando Alemanha e França aos quais emendava pedaços de filmes de celuloide transparente onde ele escrevia o texto que ele imaginava que os personagens estivessem dialogando. Disso nasceu um cinema no sótão ou no rancho, o sótão era uma mistura de dormitório, sala de estudos, atelier de artes e sabe-se lá o que mais. O rancho era um galpão de madeira construído rente ao chão sem assoalho e com telhado alto ao estilo europeu, suas paredes eram acinzentadas por falta de caiação e que servia como oficina e depósito para o meu avô. Aos domingos todos os amigos e conhecidos de meu tio lá estavam para a clássica sessão de cinema. E também projetava outras bitolas de fitas, não sei qual artimanha ele fazia no projetor para mudar as bitolas dos filmes. Sendo que na última reforma desse sótão. Realizada por meu pai, tio Homero, vovô Davide e eu como ajudante, descobrimos um monte desses filmes guardados em esconderijo secreto do sótão, esconderijos é que não faltavam apesar da reforma ser total. Ainda hoje tenho cisma que ficaram alguns super secretos. Sendo que meu avô desejou ficar com os filmes, não imaginando o que ele queria com os ditos cujos, aceitamos, também não adiantava argumentar a casa era dele, ele mandava e pronto. O que me deu uma “baita” raiva foi o destino final dos ditos filmes. Passado uns dias, lá chegando para continuar a reforma, vi no tanque de lavar roupa todos os filmes mergulhados na água que estava misturada sabe-se lá com o que. E tinha a finalidade de liberar a prata depositada nos filmes de celuloide. Os tempos eram difíceis e meu avô sempre “durango”, pois lá, quem controlava as finanças era minha avó com mãos de ferro. Entretanto meu avô, já tinha percebido que daria um trabalho danado para obter a tal prata daqueles filmes. Foi nessa hora que tive a brilhante ideia, e pedi a ele alguns rolos que ainda não tinham sido destruídos, desses deu para aproveitar dois pequenos rolos um em 35 mm e outro em 28 mm que ainda hoje guardo em lugar bastante seguro, pois podem se autodestruir pegando fogo espontaneamente. E nesse contexto quero inserir a figura de um dos personagens desta história: Ismail Macedo que era um dos espectadores assíduos do cinema do Sáuro, que nunca deixou de cobrar ingresso. Como o próprio Ismail narrou, muitos anos depois. Hoje, sei que Ismail após concluir o curso de Contabilidade, foi trabalhar como Contador para o Prof. David Carneiro. Que era o proprietário do Cine Ópera, e outros cinemas importantes da cidade, entre eles o Cine Guarani localizado à Avenida República Argentina com a Rua Engenheiro Niepce da Silva no bairro do Portão. O cinema de minha juventude, com um projeto arquitetônico bastante simples.

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