sábado, 30 de maio de 2009

Creio que era de um filho arquiteto do Prof. Carneiro foi construído em um terreno alugado, sendo que o proprietário residia em uma casa ao lado e nos fundos do cinema havia outra pequena casa, onde morava o Rubens, não lembro mais o seu sobrenome com sua família. Catarinense de Blumenau  e ótimo letrista, inigualável. Pode existir igual, melhor duvido. Suas faixas em pano ou papel ou mesmo em Outdoor ficaram marcadas na memória. Era também o bilheteiro e gerente. Quando veio para o Cine Guarani também trouxe o seu auxiliar, também catarinense que tinha o apelido certo para o homem certo: Jipe, não consigo recordar o seu nome inteiro; lembro que seu primeiro nome era Otacílio, mas ele não gostava que o chamassem por Otacílio, só por Jipe. Ele era muito parecido fisicamente com o Grande Otelo. Rubens e Jipe já trabalhavam em cinema lá em Blumenau, Santa Catarina.
Sempre com chapéu de feltro na cabeça e a sua famosa bicicleta que era munida de uma carreta com carroceria de aço e com duas pequenas rodas também raiadas, com um engate por meio de porca e parafuso. Onde invariavelmente três a quatro vezes por semana levava e trazia as latas contendo os filmes, jornais, trailer e sabe-se lá o que mais. Do Portão ao Centro a distancia é de cerca de sete quilômetros. Também era o Porteiro.
Voltando a arquitetura do Cine Guarani, era construído em um terreno bem elevado em referencia a Avenida República Argentina. O acesso era através de uma escadaria com cerca de doze degraus e que se estendia em quase a totalidade da frente do cinema, com um pequeno muro em cada canto tudo em pedra retangular de cor cinza, como também o piso do recuo obrigatório. Aí vinha a construção propriamente dita. Mais um degrau em toda a extensão do imóvel. Degrau revestido em cimento colorido com pedrinhas brancas imitando mármore com quatro grandes portas de aço, sendo duas para o bar, que tinha uma entrada em madeira com vitrinas nos dois lados e porta dupla de vai e vem ao estilo “Saloon”. As outras duas portas davam para um hall onde ficava a bilheteria e os cartazes que eram quatro quadros revestidos de feltro verde medindo aproximadamente 1,20m de largura por 1,50m de altura.. Onde eram pregadas com tachinhas as fotografias sempre em branco e preto e ao lado um cartaz impresso colorido. Que eram impressos nos paises de origem das empresas Cinematográficas, bastante tempo depois o governo brasileiro criou uma lei que obrigava as Cias. estrangeiras imprimirem aqui no Brasil estes cartazes, em cima era colocada às palavras com letras recortadas em compensado e pintadas de preto: HOJE, BREVE ou AMANHÃ.
O hall que era separado da sala de espera por 4 portas de madeira envidraçadas. Com cerca de 2,50 metros de altura, acima era fechada por venezianas que chegavam ao teto, sendo de cerca de 5,00 m a altura do pé direito, o teto era laje e que servia de piso para cabine de projeção.
Na sala de espera no lado esquerdo havia 2 portas, uma em cada canto, a primeira era à entrada da bilheteria e que dava acesso a cabine de projeção por uma alta e larga escada em cimento queimado com vermelhão, sem corrimão. A outra porta dava acesso ao toalete feminino. Entre as duas portas, tinha um sofá de três lugares com um cinzeiro de pedestal de cada lado e com uma poltrona individual de cada lado, ao centro uma mesinha. Isto era toda a sala de espera. Não esquecendo do quadro futurístico pendurado na parede acima do sofá.
No lado direito havia uma porta que era à entrada do toalete masculino, e duas meias portas interligadas, que eram chaveadas por ambos os lado, e quando abertas eram a bombonière, quando não era hora de funcionamento do cinema, estas meias portas permaneciam fechadas. Porém o bar ficava aberto com acesso pela entrada frontal.
Após as portas dos banheiros havia uma escada com cerca de três degraus no comprimento da sala, onde tinha duas grandes portas venezianas de correr. Com uma grande cortina verde também de correr, para vedar a entrada de luz. Após vinha o salão do cinema, sendo que em ambas as laterais havia uma porta dupla também em veneziana e cortinas que dava acesso a corredores laterais de ambos os lados que davam acesso à parte frontal do cinema, eram as portas de emergência. A sala era com piso de tacos com 720 poltronas da marca Cimo sem estofamento. O piso era em declive até cerca de10 metro do palco, aí vinha um aclive até o palco, sendo que no canto esquerdo havia uma porta com cortina que dava acesso ao palco. No canto direito havia um enorme exaustor, muito ruidoso quando ligado. Quem se sentava nesse aclive ao término da sessão saia com o pescoço doendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário